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Lira do Meio S​é​culo: uma opereta p​ó​s​-​humanista

by Ciberpajé featuring Alan Flexa

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Ato I – A Licença Poética Cósmica Nessa louca, intensa, bela e controversa jornada de meio século, fui muito mais incompreendido do que celebrado, mais detratado do que benquisto, mais odiado do que amado. Mil vezes apunhalado pelas costas por aqueles a quem dediquei minhas energias, meu esforço e meu ideário conquistado a ferro e fogo nos descaminhos da existência. Minha vida é só mais uma dentre bilhões nessa saga insana e bela de nossa espécie, não tem nada de especial a não ser o fato de ser minha. A minha chance como indivíduo de experienciar essa mágica licença poética cósmica, sentir, emocionar-me, gozar, sofrer, amar. Assim, transformei-me gradativamente em um imperador amoroso do meu pequeno mundo, da minha vida única, mas nem por isso especial, pois todas as vidas são únicas, e todo o experienciar singular. Ato II – O Raro Toque Cósmico da Verdadeira Beleza Poucas vezes fui realmente amado. Em grande parte dos casos tudo era encenação, jogos de cena para obterem de mim o que desejavam, mas esses nunca me enganaram. Tolos crentes na minha inocência, joguei seu jogo sórdido, pois é algo necessário na forja do espírito. Mesmo descontente com esse teatro das dissimulações, sempre ganhei esses jogos, seguindo o meu caminho solitário e glorioso, em silêncio, sem culpas, sem desejos de vingança, sem mágoas, nem ódios. Assim mesmo, em muitos desses casos, eu soube como amar tais criaturas, perdoando suas vicissitudes - que já foram também minhas - mas desligando-me completamente delas no momento adequado. Nas pouquíssimas vezes em que fui realmente amado, senti o toque cósmico da verdadeira beleza, da pureza, da ternura e da sensualidade, valores universais que contrastam e equilibram-se com a sombra que também nos compõe. Com profundidade entreguei-me intensamente ao amor incondicional, sem amarras, sem limites, integralmente. Ato III- A Minha Vasta Coleção de Erros Colecionei e coleciono inúmeros erros, encheriam um novo oceano, mas são todos inéditos, pois só o tolo repete o mesmo erro e se autoboicota em uma sanha idiota de autodestruição. Todos os erros do mundo são meus, mas para serem cometidos uma única vez. Nunca dobrei-me a nenhum dogma ou ideologia. Aprendi com muito sofrimento a dominar os meus desejos, tornando-me - com contínuo esforço e incessante vigília - o senhor de minhas vontades. Não abdicando dos prazeres, mas jamais me tornando escravo deles. Nunca dobrei-me a elogios ou críticas, para não tornar-me refém das validações alheias. Hoje tenho a perfeita consciência de quem sou, para o bem e para o mal, meus aspectos sólidos e minhas inconsistências. Ato IV – A Arte como Magia de Transmutação Cultivei e cultivo meu lado obscuro através da arte e da poesia, para não eclipsá-lo e permitir-lhe tomar uma dimensão espectral e destruir a força astral de minha luz. Crio e criarei minha própria forma de magia, usando a arte como meio para a transmutação de minhas realidades. O que não significa mudá-la materialmente e sim transmutar a minha compreensão dos seres, coisas e situações. Jamais cerceei a liberdade de ninguém e em nenhuma hipótese aceitei que cerceassem a minha. Quando tentaram, suportei por pena e amorosidade até o ponto da ruptura absoluta. Pois percebi a duras penas que o único valor superior ao amor é a liberdade. Crio, criei e criarei obras em inúmeros formatos, suportes, linguagens, com o único objetivo de autoexpressar-me visando a minha transmutação gradativa rumo à integralidade de ser. Portanto todas as minhas criações são partes legítimas de meu espírito em construção, apresentando suas sombras e luzes e os caminhos desejados de mudança. Ato V – A Ilusão Torpe dos Legados Não tenho nenhuma ilusão torpe de deixar legados, minha obra é para o meu agora, e irá sumir em instantes após minha partida deste plano, minha carne apodrecerá e adubará ervas mágickas (ditas daninhas) e flores singelas do cerrado. Minha alma permanecerá ainda por alguns poucos dias no coração de quem tocou, e meu espírito se libertará do ego reducionista conectando-se ao todo universal, esfacelando de vez o que restava de minhas memórias, títulos, prêmios, obras, e de meus desejos. Tenho a total certeza de nunca ter mudado nada neste planeta, só ter plantado uma pequena semente em solos que já eram férteis e mesmo sem a minha presença floresceriam. Não tenho ilusões quanto aos rumos autodestrutivos de nossa espécie, mas tive a sorte de conviver com muitos seres humanos e não humanos que provaram-me a extrema beleza que pode emanar da vida. Essas criaturas ajudaram a construir aquilo que sou, e os novos seres que conhecerei pelo caminho seguirão auxiliando-me na eterna transmutação de ser. Ato VI – O Amanhã é um Fantasma, o Agora é Pura Vida Mesmo com a poeticidade da possibilidade pós-humanista de viver 300 anos, não faço planos para o futuro, não penso no amanhã, busco focar-me na presença absoluta no agora. Experienciando e surpreendendo-me com a beleza ou tragicidade de cada instante que sorvo da vida: o agora! Sempre digo o que deve ser dito aos que amo e para os quais tenho real afeto. Nunca fui de deixar para depois nenhum abraço, beijo, ou declaração de admiração ou amor, pois todos os minimamente sábios sabem que o amanhã é um fantasma, uma ilusão que pode nunca concretizar-se. Mas não espero o mesmo comportamento de ninguém, pois os seres têm percepções distintas da realidade. Ao longo dos anos desenvolvi a sensibilidade para ler nos olhares e ações o que sentem por mim, e isso sempre me bastou. Cultivei e cultivo amizades poucas e densas, não cultivei inimizades, mas elas surgem aos montes nessa era hipercompetitiva e polarizada pelo binarismo digital anticósmico que domina todas as linguagens. Apesar delas, sigo divertindo-me imensamente com a vida, inclusive com suas incertezas, dramas e dores e jamais perco meu tempo com o que já passou, ou com os que me desejam mal, eles serão consumidos por si mesmos, suas vaidades, e vazios interiores. Celebro a chance única de sentir a vibração do sol nesta manhã, e de uivar com sofreguidão para as luas luminosas em noites calorosas. Hoje sou o Ciberpajé, até quando serei? Sou.

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Por uma opereta pós-humanista: Lira do Meio Século

A opereta sela nova parceria com o musicista Alan Flexa que já criou muitas obras sonoras com o Ciberpajé, sendo um de seus parceiros musicais mais frequentes e também um dos que ele mais admira como músico, produtor e ser humano. Flexa, além das músicas também realizou a mixagem e masterização do EP, enquanto o Ciberpajé foi o responsável pela concepção artística da obra, pelo texto aforístico completo da opereta - que faz referência direta à suas visões da existência na perspectiva de seus 50 anos de vida - pelas vozes e também pelo projeto gráfico e arte da opereta que apresenta uma única faixa de 18 minutos dividida em 6 atos. Nas palavras do Ciberpajé:

"Subvertendo o conceito tradicional de opereta, que envolve temas mais leves, mas mantendo a ideia de tratar-se de uma “pequena ópera” na qual a recitação predomina ao canto, concebemos a “Lira do Meio Século”. O título é uma referência poética ao longo e impactante poema“Lira dos 20 Anos”, de Álvares de Azevedo, mas não seguimos como ele o esquema rígido de uma “lira literária”.

Na “Lira do Meio Século” substituimos a temática melancólica do amor não realizado e da morte iminente da “Lira dos 20 Anos” pela experiência de retratar a visão do amor e da morte na maturidade, apresentando os valores que seguem tendo um sentido diante da percepção das realidades da vida, dos seres e da biosfera, trazendo a concepção anti-egóica do pós-humanismo, superando assim o humanismo egoísta do antropoceno.

O poema aforístico, escrito e recitadopor mim, ganhou uma dimensão sonora singular com múltiplas atmosferas que sofrem influências das óperas tradicionais, das óperas rock e da música étnica, chegando à música eletrônica. Uma concepção musical peculiar criada pelo musicista Alan Flexa."

Os criadores da opereta sugerem uma audição acompanhada pela leitura simultânea dos atos presentes no encarte completo da opereta que pode ser ouvida e baixada gratuitamente aqui no Bandcamp - basta incluir o valor 0.00 no preço (pricing).
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LIRA DO MEIO SÉCULO
Ciberpajé & Alan Flexa.
Letras e vozes: Ciberpajé
Músicas, mixagens e masterizações: Alan Flexa

Ato I – A Licença Poética Cósmica

Nessa louca, intensa, bela e controversa jornada de meio século, fui muito mais incompreendido do que celebrado, mais detratado do que benquisto, mais odiado do que amado. Mil vezes apunhalado pelas costas por aqueles a quem dediquei minhas energias, meu esforço e meu ideário conquistado a ferro e fogo nos descaminhos da existência.

Minha vida é só mais uma dentre bilhões nessa saga insana e bela de nossa espécie, não tem nada de especial a não ser o fato de ser minha. A minha chance como indivíduo de experienciar essa mágica licença poética cósmica, sentir, emocionar-me, gozar, sofrer, amar. Assim, transformei-me gradativamente em um imperador amoroso do meu pequeno mundo, da minha vida única, mas nem por isso especial, pois todas as vidas são únicas, e todo o experienciar singular.

Ato II – O Raro Toque Cósmico da Verdadeira Beleza

Poucas vezes fui realmente amado. Em grande parte dos casos tudo era encenação, jogos de cena para obterem de mim o que desejavam, mas esses nunca me enganaram. Tolos crentes na minha inocência, joguei seu jogo sórdido, pois é algo necessário na forja do espírito. Mesmo descontente com esse teatro das dissimulações, sempre ganhei esses jogos, seguindo o meu caminho solitário e glorioso, em silêncio, sem culpas, sem desejos de vingança, sem mágoas, nem ódios.

Assim mesmo, em muitos desses casos, eu soube como amar tais criaturas, perdoando suas vicissitudes - que já foram também minhas - mas desligando-me completamente delas no momento adequado. Nas pouquíssimas vezes em que fui realmente amado, senti o toque cósmico da verdadeira beleza, da pureza, da ternura e da sensualidade, valores universais que contrastam e equilibram-se com a sombra que também nos compõe. Com profundidade entreguei-me intensamente ao amor incondicional, sem amarras, sem limites, integralmente.

Ato III - A Minha Vasta Coleção de Erros

Colecionei e coleciono inúmeros erros, encheriam um novo oceano, mas são todos inéditos, pois só o tolo repete o mesmo erro e se autoboicota em uma sanha idiota de autodestruição. Todos os erros do mundo são meus, mas para serem cometidos uma única vez.

Nunca dobrei-me a nenhum dogma ou ideologia. Aprendi com muito sofrimento a dominar os meus desejos, tornando-me - com contínuo esforço e incessante vigília - o senhor de minhas vontades. Não abdicando dos prazeres, mas jamais me tornando escravo deles. Nunca dobrei-me a elogios ou críticas, para não tornar-me refém das validações alheias. Hoje tenho a perfeita consciência de quem sou, para o bem e para o mal, meus aspectos sólidos e minhas inconsistências.

Ato IV – A Arte como Magia de Transmutação

Cultivei e cultivo meu lado obscuro através da arte e da poesia, para não eclipsá-lo e permitir-lhe tomar uma dimensão espectral e destruir a força astral de minha luz. Crio e criarei minha própria forma de magia, usando a arte como meio para a transmutação de minhas realidades. O que não significa mudá-la materialmente e sim transmutar a minha compreensão dos seres, coisas e situações.

Jamais cerceei a liberdade de ninguém e em nenhuma hipótese aceitei que cerceassem a minha. Quando tentaram, suportei por pena e amorosidade até o ponto da ruptura absoluta. Pois percebi a duras penas que o único valor superior ao amor é a liberdade.

Crio, criei e criarei obras em inúmeros formatos, suportes, linguagens, com o único objetivo de autoexpressar-me visando a minha transmutação gradativa rumo à integralidade de ser. Portanto todas as minhas criações são partes legítimas de meu espírito em construção, apresentando suas sombras e luzes e os caminhos desejados de mudança.

Ato V – A Ilusão Torpe dos Legados

Não tenho nenhuma ilusão torpe de deixar legados, minha obra é para o meu agora, e irá sumir em instantes após minha partida deste plano, minha carne apodrecerá e adubará ervas mágickas (ditas daninhas) e flores singelas do cerrado. Minha alma permanecerá ainda por alguns poucos dias no coração de quem tocou, e meu espírito se libertará do ego reducionista conectando-se ao todo universal, esfacelando de vez o que restava de minhas memórias, títulos, prêmios, obras, e de meus desejos.

Tenho a total certeza de nunca ter mudado nada neste planeta, só ter plantado uma pequena semente em solos que já eram férteis e mesmo sem a minha presença floresceriam. Não tenho ilusões quanto aos rumos autodestrutivos de nossa espécie, mas tive a sorte de conviver com muitos seres humanos e não humanos que provaram-me a extrema beleza que pode emanar da vida. Essas criaturas ajudaram a construir aquilo que sou, e os novos seres que conhecerei pelo caminho seguirão auxiliando-me na eterna transmutação de ser.

Ato VI – O Amanhã é um Fantasma, o Agora é Pura Vida

Mesmo com a poeticidade da possibilidade pós-humanista de viver 300 anos, não faço planos para o futuro, não penso no amanhã, busco focar-me na presença absoluta no agora. Experienciando e surpreendendo-me com a beleza ou tragicidade de cada instante que sorvo da vida: o agora!

Sempre digo o que deve ser dito aos que amo e para os quais tenho real afeto. Nunca fui de deixar para depois nenhum abraço, beijo, ou declaração de admiração ou amor, pois todos os minimamente sábios sabem que o amanhã é um fantasma, uma ilusão que pode nunca concretizar-se. Mas não espero o mesmo comportamento de ninguém, pois os seres têm percepções distintas da realidade. Ao longo dos anos desenvolvi a sensibilidade para ler nos olhares e ações o que sentem por mim, e isso sempre me bastou.

Cultivei e cultivo amizades poucas e densas, não cultivei inimizades, mas elas surgem aos montes nessa era hipercompetitiva e polarizada pelo binarismo digital anticósmico que domina todas as linguagens. Apesar delas, sigo divertindo-me imensamente com a vida, inclusive com suas incertezas, dramas e dores e jamais perco meu tempo com o que já passou, ou com os que me desejam mal, eles serão consumidos por si mesmos, suas vaidades, e vazios interiores.

Celebro a chance única de sentir a vibração do sol nesta manhã, e de uivar com sofreguidão para as luas luminosas em noites calorosas.
Hoje sou o Ciberpajé, até quando serei?
Sou.

credits

released April 14, 2023

LIRA DO MEIO SÉCULO
Uma Opereta Pós-Humanista
Ciberpajé feat. Alan Flexa
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Aforismos, vozes e artes: Ciberpajé (aka Edgar Franco)
ciberpaje@gmail.com
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Música, mixagem e masterização: Alan Flexa
alanflexa78@gmail.com
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Gravado, mixado e masterizado no
Estúdio Zarolho Records - Macapá - Amapá
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Uma produção
Grupo de Pesquisa CRIA_CIBER (FAV/UFG)
e Lunare Music,
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Brasil, 2023.

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Ciberpajé GO, Brazil

Projeto de aforismos musicados do artista transmídia Ciberpajé (aka Edgar Franco) em parceria com musicistas e bandas do Brasil e do exterior.

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